sexta-feira, 24 de setembro de 2010

(um conto controvestido)


Por Ana

Certa vez contou-me o vestido a respeito de um corpo sobre o qual deslizava.
 Já havia habituado-se a seu odor de dias quentes e ao dançar inerente àquele andar sem  vento.
 Era um lilás algodoado, desprendido das próprias alças.
 Numa época em que nos seios, jaziam olhos da maldade(...)
 Nascera pano de roupa e rua, sem jamais fazer jus a uma vida que ousasse proclamar-se   mais nobre.
 Encontrara-se a certa altura esquecido entre usados e passados perdidos, mas aí então, desceu perene   sobre a pele daquela carne morna.
 Aquela carne de fogo...
 E ali tornou-se também pele.
 Pele de uma pele que era mulher.
 Sugava cada gota de suor das costas marcadas pela juventude recente.
 Sagraram laços para a eternidade.
 Duas peles.
 Um pano e uma mulher.

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