quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Adeus, Mãe

Por: Kali
Desenho: Ana Vasconcellos

Eu queria que você me dissesse que tudo vai ficar bem, que vou poder experimentar novamente aquela sensação de entrega e acolhimento que algumas vezes vivi nos seus braços. Eu queria saber se você realmente foi capaz de me amar ou se mais uma vez lancei meu corpo para braços que me deixaram desmantelar.

As vezes eu sou pesada, talvez porque invista tanto na necessidade da leveza. Talvez porque eu queira ser tanto o ideal que eu tracei para mim que ele sempre parece estar a frente e longe de mim. Eu o persigo enquanto ele foge e me sinto só.

Eu queria apenas o silencio. Eu queria apenas rir com você e de alguma forma fazer sentido na sua vida. Mais uma vez me sinto abandonada neste mundo tendo que me virar sozinha.

Eu não me viro tão bem como as pessoas imaginam, você sabe. Eu vivo tropeçando nas quinas, errando as esquinas. Eu me sinto perdida a maioria das vezes. Talvez as coisas façam sentido nas palavras.

Eu queria apenas que você me embalasse e que me cantasse canções de ninar para fazer dormir esta parte impulsiva de mim. Eu não consegui chorar com a despedida, mas eu estava chorando enquanto dizia que estava tudo bem.

Não está tudo bem. Eu me sinto sozinha. Solidão é quando a gente não sabe se gosta muito da gente. Sabe, eu não sei se gosto tanto assim de ser eu mesma.

Eu escolhi isso. Eu sei. Fui eu quem pegou as roupas, arrumou a mala e esperou você chegar para bater a porta e dizer adeus. Eu queria que você dissesse que eu sou importante e me pedisse para ficar. Você me disse adeus e agora eu não sei para onde ir e nem em que colo chorar .Estou parada na porta da casa que já foi minha, me sentindo lançada no mundo. O mundo que sempre desejei e agora me amedronta.

Desculpe pela minha falta de coerência. Eu só sei ser poesia. Daquelas que brotam entre lágrimas e pulsos de vida.

Não me leve tão a sério. Eu coloco a lupa nos sentimentos porque parece que quando estão maiores fazem um sentido profético.

Eu parti, estou no mundo. Vou sentir saudades. Sei que em breve seremos apenas lembranças passageiras. Por hora ainda dói a partida. Ela tem cheiro de falha.

Você me avisou das dificuldades. Achei que eu ia dar conta. Nunca imaginei que o quarto que entraria seria tão alheio a minha razão. Ela simplesmente não opera lá.

Agora eu vou seguir, molhando-me na chuva e entre lágrimas e sóis, e deliciar me com a efemeridade do arco Iris.

Adeus, Mãe. Ainda te encontro dentro de mim.

3 comentários:

  1. Oi, querida, nem sei o que dizer. Se eu puder ajudar... Bjs

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  2. Que lindo!!!
    Tem momentos da vida, qeu o que mias queremos é um colo de mãe!
    Bjos Paty

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  3. nossa. sem palavras.
    se quiser meu colo, eu quero te dar.
    um bjo e um abrço fraterno
    (e materno )
    fabiolla

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